segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Esse tal amor...



             Nesses tempos de internet, as coisas acontecem assim, coloca-se no mesmo caldeirão: a vontade de amar, a solidão,  a necessidade desesperada de alguém que preencha aquele buraco, aquela cratera tremenda encalacrada em nosso peito. Eu sei... eu sei....que na verdade essa pessoa somos nós mesmos, mas vivemos eternamente essa ilusão que a felicidade vai ser trazida por alguém, nos enganamos, mas é gostoso nos enganar e por mais de uma vez eu acreditei que a felicidade estava sendo trazida por alguém, la no fundo sabia que não, mas como bom humano eu me enganei.
            -- Podemos tomar um café, me liga quando quiser – Olho para as paredes e penso se alguém algum dia tentou explicar essa magia, essa química que de repente bate em nosso peito e nos joga para longe e de repente também passamos a acreditar que o amor realmente existe e que alguém surge do nada e nos locupleta e nos completa e nos tira nosso rumo e nos coloca em um rumo novo, em um destino novo, com um céu pintado com cores novas, com um destino novo que nunca podemos sequer sonhar.
            Mensagens no celular, mensagens na rede social, recados, recados esfomeados, recados sedenedos, sede de ve-la, sede de nos vermos, poemas inspirados, poemas apaixonados, poemas desvairados feito em todos os momentos, feitos ao acordar, feitos ao pensar em seu rosto, em seu riso de dentes perfeitos e simétricos, poemas feitos que omitem seus pés feios e desnudam seu corpo, sua pele branca, seu jeito de andar e caminhar.
            -- Eu te amo, é prematuro mas eu acho que te amo – Rí comigo mesmo, como podia me  amar em tão pouco tempo, amor tem a fase da experiência? Tem isso? Amor tem contrato? Tem assinatura? Reconhecimento no cartório? Amor tem validade? Sim, amor tem validade e validade triste, pois quando alguém decide que não ama mais a equação fica fácil para um e fica devastadora para o outro.
Devastadora para quem ainda ama, devastadora para quem acredita que um dia foi amado, mas será que foram palavras ao vento? Palavras para agradar? Ou quem sabe a inocente empolgação, a infantil empolgação da paixão que é capaz de tudo, que pode mover o mundo em um momento e explodi-lo e sepulta-lo em outro momento.
            -- Amo você também, você é meu grande amor, desenhada, planejada em prancheta, feita sob encomenda, não há o que por, nem o que tirar nesse amor – A dúvida, do primeiro “eu te amo” dito por telefone agora transformou-se em outro eu te amo e mais eu te amo...
            -- Eu te amo...
            -- Eu te amo...
            -- Eu te amo...
            -- Eu te amo...
            -- Você mentiu para mim...
            -- Menti porque te amo...
            O ônus fica assim, com quem ama ainda, com quem acreditou mas não acredita mais na possibilidade do amor, quem não acredita mais em alguém surgido do nada que traga o amor, que traga o cimento para vedar a cratera que na erosão da necessidade, da busca transformou-se em uma imensa cratera e com um tremendo precipício, que uma vez que nos engole, não nos leva a lugar nenhum, apenas fica ali como um chicote tirando lascas de nossa carne.
            Há tantos erros em tudo, o erro esta aí , é parte de nossa existência. Há erros também no amor, há frases e olhares interpretados errados, equivocados, há a vontade de matar e no segundo seguinte de amar, de amar até as forças exaurirem-se, há a vontade de sumir e a vontade de nunca deixar, há o que segue e há o que fica, o que fica parado olhando para o buraco em seu peito, tentando entender o que era esse amor, tentando entender o que é o amor. Afinal o que é o amor? Fale. Conte. Desnude. Explique.
            -- Passou! Sigamos em frente – É assim que se encerra? E ‘essa a última linha do poema? O ultimo verso? O ultimo verso anacrônico, cabisbaixo e desesperado? 
            Era uma força avassaladora, força de destruir continentes, de varrer os mares, de atrair luas, mas percebo que é outra força avassaladora, mas de polos antagonicos, a mesma força que trouxe, agora leva... leva e encerra com essa palavra – Passou.
            Um lado diz – corra, traga-a de volta – O outro diz – Não vale a pena, há bilhões de pessoas no mundo e a mesma força avassaladora pode trazer esse alguém novamente. Então penso – e pode leva-la embora novamente.
            E é assim o que eu gostaria de dizer, eu não entendi e nunca vou entender.
Tento não ser egoísta e digo a mim mesmo – Hora de virar a página e seguir na estrada, fácil assim, como virar a chave e fechar a porta, como ligar o interruptor, como puxar o fio da tomada. Fácil assim.. – Passou.

            O buraco está em mim e só eu tenho a condição de tampá-lo mas me engano e olho para o teto e semeio e incenso e aguardo o dia que você virá me amar.

Um comentário:

Graziella disse...

Isso Dói...Pensei no mito da caverna, de Platao. E escolho ainda tristão e Isolda. Para traduzir algo assim... achei triste!!! No!!! No!!!!