Nesses
tempos de internet, as coisas acontecem assim, coloca-se no mesmo caldeirão: a
vontade de amar, a solidão, a
necessidade desesperada de alguém que preencha aquele buraco, aquela cratera
tremenda encalacrada em nosso peito. Eu sei... eu sei....que na verdade essa
pessoa somos nós mesmos, mas vivemos eternamente essa ilusão que a felicidade
vai ser trazida por alguém, nos enganamos, mas é gostoso nos enganar e por mais
de uma vez eu acreditei que a felicidade estava sendo trazida por alguém, la no fundo sabia que não, mas como bom humano eu me enganei.
-- Podemos tomar um café, me liga
quando quiser – Olho para as paredes e penso se alguém algum dia tentou
explicar essa magia, essa química que de repente bate em nosso peito e nos joga
para longe e de repente também passamos a acreditar que o amor realmente existe
e que alguém surge do nada e nos locupleta e nos completa e nos tira nosso rumo
e nos coloca em um rumo novo, em um destino novo, com um céu pintado com cores
novas, com um destino novo que nunca podemos sequer sonhar.
Mensagens no celular, mensagens na
rede social, recados, recados esfomeados, recados sedenedos, sede de ve-la, sede de nos vermos, poemas inspirados,
poemas apaixonados, poemas desvairados feito em todos os momentos, feitos ao
acordar, feitos ao pensar em seu rosto, em seu riso de dentes perfeitos e
simétricos, poemas feitos que omitem seus pés feios e desnudam seu corpo, sua
pele branca, seu jeito de andar e caminhar.
-- Eu te amo, é prematuro mas eu
acho que te amo – Rí comigo mesmo, como podia me amar em tão pouco tempo, amor tem a
fase da experiência? Tem isso? Amor tem contrato? Tem assinatura?
Reconhecimento no cartório? Amor tem validade? Sim, amor tem validade e
validade triste, pois quando alguém decide que não ama mais a equação fica
fácil para um e fica devastadora para o outro.
Devastadora
para quem ainda ama, devastadora para quem acredita que um dia foi amado, mas
será que foram palavras ao vento? Palavras para agradar? Ou quem sabe a
inocente empolgação, a infantil empolgação da paixão que é capaz de tudo, que
pode mover o mundo em um momento e explodi-lo e sepulta-lo em outro momento.
-- Amo você também, você é meu
grande amor, desenhada, planejada em prancheta, feita sob encomenda, não há o
que por, nem o que tirar nesse amor – A dúvida, do primeiro “eu te amo” dito
por telefone agora transformou-se em outro eu te amo e mais eu te amo...
-- Eu te amo...
-- Eu te amo...
-- Eu te amo...
-- Eu te amo...
-- Você mentiu para mim...
-- Menti porque te amo...
O ônus fica assim, com quem ama
ainda, com quem acreditou mas não acredita mais na possibilidade do amor, quem
não acredita mais em alguém surgido do nada que traga o amor, que traga o
cimento para vedar a cratera que na erosão da necessidade, da busca
transformou-se em uma imensa cratera e com um tremendo precipício, que uma vez
que nos engole, não nos leva a lugar nenhum, apenas fica ali como um chicote
tirando lascas de nossa carne.
Há tantos erros em tudo, o erro esta
aí , é parte de nossa existência. Há erros também no amor, há frases e olhares
interpretados errados, equivocados, há a vontade de matar e no segundo seguinte
de amar, de amar até as forças exaurirem-se, há a vontade de sumir e a vontade
de nunca deixar, há o que segue e há o que fica, o que fica parado olhando para
o buraco em seu peito, tentando entender o que era esse amor, tentando entender
o que é o amor. Afinal o que é o amor? Fale. Conte. Desnude. Explique.
-- Passou! Sigamos em frente – É
assim que se encerra? E ‘essa a última linha do poema? O ultimo verso? O ultimo
verso anacrônico, cabisbaixo e desesperado?
Era uma força avassaladora, força de
destruir continentes, de varrer os mares, de atrair luas, mas percebo que é
outra força avassaladora, mas de polos antagonicos, a mesma força que trouxe, agora leva... leva e encerra
com essa palavra – Passou.
Um lado diz – corra, traga-a de
volta – O outro diz – Não vale a pena, há bilhões de pessoas no mundo e a mesma
força avassaladora pode trazer esse alguém novamente. Então penso – e pode
leva-la embora novamente.
E é assim o que eu gostaria de
dizer, eu não entendi e nunca vou entender.
Tento
não ser egoísta e digo a mim mesmo – Hora de virar a página e seguir na
estrada, fácil assim, como virar a chave e fechar a porta, como ligar o
interruptor, como puxar o fio da tomada. Fácil assim.. – Passou.
O buraco está em mim e só eu tenho a
condição de tampá-lo mas me engano e olho para o teto e semeio e incenso e
aguardo o dia que você virá me amar.
Um comentário:
Isso Dói...Pensei no mito da caverna, de Platao. E escolho ainda tristão e Isolda. Para traduzir algo assim... achei triste!!! No!!! No!!!!
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