quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Hip Hop (Coluna "Vitaminas Culturais" no jornal O Metropolitano - 05/10/13)








(Coluna "Vitaminas Culturais" no jornal O Metropolitano - 05/10/13)



Ola amigos,

                  Certa vez, muitos anos atrás, eu estava  em uma exposição de artes plásticas no Centro Cultural São Paulo,  e diante de um quadro totalmente em branco, comecei a rir com uma amiga, dizendo que fazer arte assim era muito fácil, ironizando a obra e o artista. Pouco tempo depois soube que a proposta do artista era realmente essa, de nos provocar, provocar uma reflexão diante de um quadro em branco.  Como disse certa vez Stephen King, quando disse que não sabia fazer outra coisa a não ser  escrever, que “o artista é um passarinho que veio ao mundo para pousar nos ombros das pessoas e mostrar que existem outros horizontes alem do dito normal”. Então, quando falamos de arte, temos que ser livres, olhar sem preconceito e tentar entender a proposta do artista e em qual contexto aquela obra esta inserida. A questão do julgamento segundo  algumas escolas filosóficas, é inerente ao ser humano, mas que tal julgar, escolher o que é bom ou ruim segundo os seus critérios mas não julgar preconceituosamente sem conhecer e pior ainda alardear esse preconceito ao seu redor?
Certo dia eu detestei o movimento hip hop e o rap, mas meu julgamento era preconceituoso e era preconceituoso porque eu jamais tentei conhecer de uma maneira mais profunda letras e musicas e se aprofundarmos nossa analise, podemos estende-la, pelo menos em meu caso ao funk do rio, ao sertanejo dito universitário...
Eu particularmente tenho dificuldades em aceitar o funk do rio puramente por seu contexto musical, pois acredito que falta criatividade nas musicas, mas não há como negar que o funk nasceu de um contexto social de classes socialmente menos favorecidas, então, minha lição de casa é tentar conhecer melhor essa manifestação cultural e a partir de então separar o joio do trigo.
                  O rap brasileiro já foi dito por alguns críticos, é melhor que o americano, pois está inserido em um  contexto social e não é sexista e preconceituoso como o americano. A cena hip hop cresceu no mundo inteiro e dentre os artistas nacionais os que estão na linha de frente da cena hip hop são logicamente o premiado e muito querido por critica e publico Criolo e Emicida (que lançou recentemente seu trabalho ”O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui”, Racionais, Pavilhão 9 e  Rashid), sem esquecer que as portas foram abertas la atrás no inicio dos anos 80 por Thaide e DJ Hum.
                  O trabalho de Criolo “Nó na orelha” lançado em 2011, recebeu o premio de melhor álbum pela APCA, e Criolo consegue misturar com maestria em seu álbum o rap com o samba e dar uma característica de musicalidade bem brasileira ao rap. Se voce não conhece não perca a oportunidade de conhecer.
Outro álbum lançado recentemente e o álbum “O glorioso retorno de quem nunca esteve lá”, mostra outro rapper brasileiro que consegue fundir varias musicalidades, mas sempre preservando a característica de posicionamento e insatisfação social do rap.
Não deixem de ouvir esses rappers, sem preconceitos, buscando sempre entender esse contexto social, suas origens e os rumos que apontam. Infelizmente a musica brasileira atual vive um ostracismo, uma falta de criatividade geral, a não ser por um Lenine ou um Arnaldo Antunes, esse ostracismo traz em seu bojo uma musica ruim e totalmente descartável, feita para dar muito dinheiro as gravadoras, aos ditos “artistas”, pois artista na verdade é quem faz arte e não um produto totalmente descartável, bom mas esse já é assunto para outro dia.
As recomendações dessa semana ficam então para esses dois álbuns sensacionais de Criolo e Emicida que salvam o momento atual da musica brasileira e apontam para novos caminhos.

Bons sons e bom final de semana,

Altair Almeida


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